sábado, 20 de novembro de 2010

FLANELAS... FLANELINHAS ..

Para você que odeia flanelinhas



25/09/2009 - 14:48 | Enviado por: Migliaccio




– Vem. Vem mais!! Dirrfaz agora... acerta o jogo. Aêêêê! Deixa solto, meu 

patrão. Tranqüilidade.
O motorista já sentiu a barra:
– Iiiih, chamou de "meu patrão", vou morrer num dinheiro.
– Vai deixar aquela colaboraçãozinha antecipada?
– O quê?
– É R$ 5, para dar uma moral ao guardador...
– Cinco!? Tá maluco? Vaga certa é R$ 2!
– Não, aqui não tem talão, não. É franelinha mermo.
– Na volta eu dou, valeu?
– O senhor é que sabe...
Pronto. Com essa última frase, o flanelinha clandestino, aquele que não tem 

talão, nem colete cinza encardido – e muito menos o novo uniforme azul – já 

inoculou na cabeça do motorista o vírus da dúvida e da apreensão.
Se não der o que ele pede agora, será que, na volta, o carro estará inteiro? 

Pneu furado? Pára-brisa quebrado? Retrovisor faltando? Porta arranhada a prego?
– Toma R$ 2.
– Ô patrão, a gente cobra R$ 5. Tem o acerto com os homi, né?
Melhor nem perguntar que homens. Todo mundo sabe, menos eu e meu advogado...
Enquanto a Justiça decide se as vagas da Zona Sul do Rio serão administradas 

pela empresa Embrapark, que firmou convênio com a prefeitura, ou pelos 

guardadores autônomos filiados ao sindicato, uma terceira categoria – informal 

como camelôs piratas, cambistas e pequenos traficantes – ocupa os espaços que 

sobram. São os flanelinhas clandestinos.
Nosso primeiro impulso, como motoristas quase sempre às voltas com eles, é 

odiá-los.
Como se fossem donos da rua, arbitram o preço da vaga conforme as 

características do motorista. Se o carro for importado, a "colaboração" pode 

chegar a R$ 5. Placa de São Paulo, R$ 10. Paulista com mulher bonita, R$ 20. Em 

pontos turísticos como o Pão de Açúcar, nos arredores do Maracanã em dia de 

jogo, ou nas imediações de casas noturnas, a pedida é salgada até para carioca 

em carro velho. A disputa por esses pontos mais rentáveis entre eles é violenta 

– lei da oferta e da procura na selva da informalidade. Dizem que do Morro da 

Mangueira sai uma turma braba para qualquer evento de grande porte na cidade, 

seja onde for. Daqui a alguns dias, pretendem mostrar para a Madonna, por 

exemplo, como agem os material boys cariocas...

"Já disseram que pagamos a esses flanelinhas uma espécie de imposto social. Se o 

Estado não deu a escola que lhes permitiria tentar um emprego digno, nós que 

arquemos com o prejuízo. Se a última crise levou os empregos de mais uma 

multidão, somos seu FGTS. Dizem que há uma dívida histórica com essa legião de 

excluídos, só esqueceram de combinar conosco que seríamos os avalistas."
Mas é justamente aí que o foco da questão começa a mudar.
Também já senti raiva dos flanelinhas clandestinos. Foi então que comecei a 

observá-los. Notei que a posição de achacador os envergonha. Descobri que ficam 

visivelmente felizes quando têm a chance de ajudar o motorista de alguma forma. 

Como empurrar o carro da frente para aumentar a vaga, fechar o espelho lateral, 

orientar a manobra, enfim algo que justifique de alguma forma o trocado que vão 

pedir... A intimidação é o último recurso, e a maioria nunca usa.
Garanto que todos prefeririam uma profissão decente. Mas que chance eles têm sem 

estudo, muitas vezes carregando o fardo do vício, da história de violência 

familiar, da subnutrição, além do estigma de morar numa favela? Em outros 

tempos, talvez pudessem tentar uma vaga de gari, só que hoje tem até 

universitário disputando lugar na Comlurb! Daqui a pouco, vão exigir MBA pra 

varrer as ruas.
O que lhes resta? Entrar para o tráfico? A fila de espera é grande, e, no 

primeiro semestre, a polícia do Rio só conseguiu abrir quatro vagas por dia nas 

bocas-de-fumo. Sem contar que muitos flanelinhas, mesmo mal-encarados, são 

medrosos demais para pegar em arma, e outros tantos simplesmente não querem ser 

bandidos.
Trabalhar de peão de obra e acabar entrevado numa cama, sem saúde e sem dinheiro 

como tantos idosos das comunidades em que vivem, também não parece muito 

compensador.
Resta ser cantor ou jogador de futebol. Ou seja, para 99,9% não resta nada. E 

não é fácil acordar todos os dias com a preocupação de ter que conseguir algum 

dinheiro para poder almoçar. As opções são roubar ou pedir.
É dessa forma que esse jovem, ou velho, acaba se plantando numa esquina que 

ainda não tenha dono, a esperar que o próximo motorista seja generoso ou medroso 

o suficiente para descolar-lhe uma merreca. Por isso, pense duas vezes antes de 

negar. Não porque ele vá quebrar seu carro. Provavelmente, não vai, já que 

precisa do ponto para sobreviver. Ok, negocie, pechinche, mas um pouco de 

compaixão nunca fez mal a ninguém. E, na situação dele, talvez você estivesse 
fazendo o mesmo.




"TEXTO DA INTERNET"





Para você que não odeia flanelinhas



Já pensou se isso acontecesse , em todas as áreas onde os poderes públicos deixam de atuar ??? Existiriam "flanelinhas" municipais, estaduais e federais...( nessa ordem )...na saúde, na educação na segurança e etc... Etc... Etc...filho feio não tem, e nunca teve, "pai" nem "mãe"!!! São orfãos... E o máximo que alguma "ação social" que venha "de cima"... Sem os consultar... Ou mesmo  se aproximar...( será que não podem,  ou tem a consciência pesada, ou os "flanelinhas"... são feios e  extravagantes ??? )...o que irá lhes proporcionar, será á de se tornarem parceiros de um bonde que se perdeu na história, descarrilado, por "maquinistas"...com "foro privilegiado" e "imunidade" ou ( impunidade )..para encherem cuecas , meias, ou bolsas com o sangue e o suor dos mais humildes sem se importar, de verdade se as orações, que fazem ironicamente,  enquanto praticam suas (  boas ações )... Irão para deus... Ou para o diabo...que certamente confundem em seus tacanhos julgamentos sobre "bem" e "mal"

Nenhuma ação de verdade,  é legitimada unilateralmente, vivemos numa democracia...o medo vem muitas vezes da "culpa"...talvez da desigualdade na "distribuição de renda..." pois quem á bordo de seus carrões possantes, inacessíveis... A maior parte dos mortais, sobe  "morro", para comprar entorpecentes, teme muito mais, as vezes, o "rigor" das lei que quase nem existem... Do que os possantes armamentos dos "traficantes"... Que na verdade, nem os "convidou" para estarem ali...


" texto e grifos nossos"