quinta-feira, 11 de novembro de 2010

RECONHECIMENTO



Projeto de Lei prevê regularização da função de guardador de carro em Natal

Publicado no Dia 10/11/2010 ( Correio da Tarde )
Michelle Phiffer 


Alberto Leandro
Decisão fortalecerá a categoria e dará mais garantia aos donos de veículos
Eles não passam imperceptíveis pelas ruas e canteiros da cidade. A cada dia au­menta o número de guardadores de carro que sobrevivem a cada "trocado" recebido pela limpeza do pára-brisa e pela garantia da "segurança", quando se estaciona o veí­culo nas vias públicas da capital. Popular­mente chamados de "flanelinhas", eles re­ceberam um apoio para a regulamentação da profissão na cidade de Natal. A autora do projeto que prevê a distinção da catego­ria, a vereadora Sargento Regina, disse que a criação da profissão é re­levante para sociedade não apenas pela questão da segurança, mas pela social também.


O Projeto de Lei que prevê a regularização dessa atividade, assim como a do lavador autônomo de veículos automotores foi aprovado, em segun­da discussão, nesta terça-feira (9) na Câmara Municipal. A votação do projeto teve unanimidade entre os demais vereadores, que apoiaram a ini­ciativa. De acordo com os parlamentares, o projeto representa uma pro­vidência social, já que os guardadores sofrem preconceito, mas mesmo assim exercem uma função de segurança.


Caso o projeto seja sancionado, os guardadores de carro serão unifor­mizados e receberão credenciais para atuarem nas ruas. A Prefeitura passará a ter a responsabilidade de mapear os locais e os profissio­nais que atuam nesta área.


"Espero que o Executivo Municipal tenha sensibilida de de não vetar esse projeto, já que se trata de uma medida social bastan te impor tan te para nossa cidade", falou o vereador Ranieri Barbosa.


A vereadora Sargento Regina, por sua vez, acredita que o projeto promo­ve a inclusão social, dando mais segurança principalmente aos cida­dãos, que poderão reconhecer quem são os guardado res. "Essa é uma realidade para a qual não podemos fechar os olhos. 


Nas ruas, tem homens de dignidade, trabalhando para sustentar suas famílias e auxiliando pessoas na organização do trânsito. Temos que reconhecer esses profissionais", disse.


O vereador do PSB, Adenúbio Melo, que fez parte da unanimidade de votos em torno do projeto, elogiou a iniciativa da criação do cargo. "O nome do projeto deveria ser 'resgate', porque na verdade estamos tiran­do da marginalidade social pessoas que trabalham pela segurança pú­blica".


Antônio Roberto de Oliveira trabalha há um ano como guarda carros e disse achar importante essa regularização, pois transmite confiança ao trabalhador e a pessoa que precisa deixar o carro com eles. "Quando es tamos uniformizados as pessoas se sentem mais seguras, confiam que somos pessoas responsáveis", afirmou.


Os "flanelinhas" trabalham das 8h30 às 18h. Antônio contou que conse­gue arrecadar entre R$ 15 e R$ 25 diariamente. Ele se diz esperançoso para a melhoria da profissão, "agora vai ficar mais organizado", com ple­tou.


Associação dos flaneli nhas


A proposta da Associação dos Flanelinhas do Rio Grande do Norte (As­soflarn) é reunir e credenciar todas as pessoas que exercem a atividade de maneira organizada, oferecendo cursos de qualificação, treinamento, distribuição de cestas básicas, material de trabalho - colete, boné, cra­chá, carteira de sócio e sacola - e serviços assis tenciais como jurídico, social e odontológico. A média salarial de um flanelinha varia de um a quatro salários mínimos. 


Francisco Dantas relata que a proposta de instituir a associação partiu da vivência que tem de um grupo de amigos conhecidos como "Anjos da Madrugada", que por duas vezes na semana, distribuem sopa para mo­radores de rua, a maioria deles, flanelinhas. "Conversei com alguns ami gos que se propuseram a ajudar e estamos nessa batalha", desta­cando que aproximadamente 12 empresários vão patrocinar a confec­ção do material de trabalho para ser distribuído entre os associados. A estimati va em todo o RN é de 1.500 flanelinhas em atividade, cada as­sociado vai contribui com R$ 5 por mês.


Indagado acerca dos prejuízos causados pelos flanelinhas quando o motorista não se dispõe a dar um "trocado" pelo serviço, Dantas desta ca que "em toda profissão existe gente de todo tipo", mas afirma que a maioria são pais de famílias que precisam trabalhar. Ele disse saber de relatos de flanelinhas que arranham e secam o pneu dos veículos. "O meu carro já foi arranhado", lamentou. 


O coordenador afirma que cabe ao cidadão oferecer ou não a recom pen­sa pelo serviço, como também sabe que o flanelinha não tem o di reito de usar um local público e se "apossar" do espaço como se fosse pro­prietário. "Se ele está trabalhando num determinado local, deve zelar pelo espaço", destaca. A instituição da associação vai oferecer tranqüili­dade ao motorista, ao saber que eles são credenciados, organizados numa associação e que alguém quando se sentir prejudicado saberá a quem recorrer. O trabalho de flanelinha não é permitido para crianças e adolescentes.



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