Projeto de Lei prevê regularização da função de guardador de carro em Natal
Publicado no Dia 10/11/2010 ( Correio da Tarde )
Michelle Phiffer Alberto Leandro

O Projeto de Lei que prevê a regularização dessa atividade, assim como a do lavador autônomo de veículos automotores foi aprovado, em segunda discussão, nesta terça-feira (9) na Câmara Municipal. A votação do projeto teve unanimidade entre os demais vereadores, que apoiaram a iniciativa. De acordo com os parlamentares, o projeto representa uma providência social, já que os guardadores sofrem preconceito, mas mesmo assim exercem uma função de segurança.
Caso o projeto seja sancionado, os guardadores de carro serão uniformizados e receberão credenciais para atuarem nas ruas. A Prefeitura passará a ter a responsabilidade de mapear os locais e os profissionais que atuam nesta área.
"Espero que o Executivo Municipal tenha sensibilida de de não vetar esse projeto, já que se trata de uma medida social bastan te impor tan te para nossa cidade", falou o vereador Ranieri Barbosa.
A vereadora Sargento Regina, por sua vez, acredita que o projeto promove a inclusão social, dando mais segurança principalmente aos cidadãos, que poderão reconhecer quem são os guardado res. "Essa é uma realidade para a qual não podemos fechar os olhos.
Nas ruas, tem homens de dignidade, trabalhando para sustentar suas famílias e auxiliando pessoas na organização do trânsito. Temos que reconhecer esses profissionais", disse.
O vereador do PSB, Adenúbio Melo, que fez parte da unanimidade de votos em torno do projeto, elogiou a iniciativa da criação do cargo. "O nome do projeto deveria ser 'resgate', porque na verdade estamos tirando da marginalidade social pessoas que trabalham pela segurança pública".
Antônio Roberto de Oliveira trabalha há um ano como guarda carros e disse achar importante essa regularização, pois transmite confiança ao trabalhador e a pessoa que precisa deixar o carro com eles. "Quando es tamos uniformizados as pessoas se sentem mais seguras, confiam que somos pessoas responsáveis", afirmou.
Os "flanelinhas" trabalham das 8h30 às 18h. Antônio contou que consegue arrecadar entre R$ 15 e R$ 25 diariamente. Ele se diz esperançoso para a melhoria da profissão, "agora vai ficar mais organizado", com pletou.
Associação dos flaneli nhas
A proposta da Associação dos Flanelinhas do Rio Grande do Norte (Assoflarn) é reunir e credenciar todas as pessoas que exercem a atividade de maneira organizada, oferecendo cursos de qualificação, treinamento, distribuição de cestas básicas, material de trabalho - colete, boné, crachá, carteira de sócio e sacola - e serviços assis tenciais como jurídico, social e odontológico. A média salarial de um flanelinha varia de um a quatro salários mínimos.
Francisco Dantas relata que a proposta de instituir a associação partiu da vivência que tem de um grupo de amigos conhecidos como "Anjos da Madrugada", que por duas vezes na semana, distribuem sopa para moradores de rua, a maioria deles, flanelinhas. "Conversei com alguns ami gos que se propuseram a ajudar e estamos nessa batalha", destacando que aproximadamente 12 empresários vão patrocinar a confecção do material de trabalho para ser distribuído entre os associados. A estimati va em todo o RN é de 1.500 flanelinhas em atividade, cada associado vai contribui com R$ 5 por mês.
Indagado acerca dos prejuízos causados pelos flanelinhas quando o motorista não se dispõe a dar um "trocado" pelo serviço, Dantas desta ca que "em toda profissão existe gente de todo tipo", mas afirma que a maioria são pais de famílias que precisam trabalhar. Ele disse saber de relatos de flanelinhas que arranham e secam o pneu dos veículos. "O meu carro já foi arranhado", lamentou.
O coordenador afirma que cabe ao cidadão oferecer ou não a recom pensa pelo serviço, como também sabe que o flanelinha não tem o di reito de usar um local público e se "apossar" do espaço como se fosse proprietário. "Se ele está trabalhando num determinado local, deve zelar pelo espaço", destaca. A instituição da associação vai oferecer tranqüilidade ao motorista, ao saber que eles são credenciados, organizados numa associação e que alguém quando se sentir prejudicado saberá a quem recorrer. O trabalho de flanelinha não é permitido para crianças e adolescentes.
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